MASCARENHAS, José Freire de Monterroio (1670-1760)

ORAN CONQUISTADO

ORAN CONQUISTADO, OU RELAÇAM HISTORICA,
EM QUE SE DÀ NOTICIA DESTA PRAÇA, DA SUA
CONQUISTA, E DA SUA PERDA, E RESTAURAÇÃO,
COLHIDA DE VARIOS AVIZOS, E DEDICADA AO
EXCELLENTISSIMO SENHOR D. DOMINGOS
CAPECELATRO, MARQUEZ DE CAPECELATRO,
FILHO DOS EXCELLENTISSIMOS DUQUES DE SIANO,
DO CONSELHO DE SUA MAGESTADE CATHOLICA NA
SUA CAMARA DE INDIAS, E SEU EMBAYXADOR NA
CORTE DE PORTUGAL, POR J. F. M. M.
Lisboa Occidental: Na Officina de Pedro Ferreira, 1732
[seguido de]
ORAN CONQUISTADO, E DEFENDIDO, RELAÇAM
HISTORICA EM QUE SE REFEREM DIARIAMENTE
OS SUCCESSOS MILITARES, QUE TEM HAVIDO
DEPOIS DA CONSTUISTA DESTA PRAÇA, NO SEU
TERRITORIO, ATÉ A ARMADA REAL DEL REY
CATHOLICO SE RECOLHER AOS PORTOS DE
HESPANHA. PARTE II. POR J.F.M.M.
Lisboa Occidental: Na Officina de Pedro Ferreira, 1733
225 mm
20, [4], 16 p.; Encadernação em pergaminho, duas
partes encadernadas no mesmo volume. Um mapa
e respectiva legenda; Vinhetas xilogravadas nas
respectivas páginas de rosto; Grande vinheta no final
da primeira parte; uma tarja ornamental e iniciais
xilogravadas na primeira parte; inicial xilogravada na
segunda parte. A segunda parte tem o corte das folhas
aparado (195 mm) e tingido de carmim.
Corte das folhas da primeira parte por abrir. Mancha
oxidada na folha de legenda da gravura. Picos de acidez
e pequenas manchas no rosto da segunda parte e
migração do pigmento do corte das folhas para uma
pequena linha da margem da folha, numeração antiga
no topo da página, a tinta.

Inocêncio, 4, 348


Dois títulos complementares e do mesmo autor, encadernados
conjuntamente. José Freire de Monterroio Mascarenhas, redactor da
Gazeta e prolífico escritor e tradutor de folhetos, divulgando um grande
número de acontecimentos que aconteceram num curto espaço de tempo,
no mundo que se relacionava com o universo português, descreve nestes
folhetos a conquista pelos espanhóis da praça de Orão e dos conflitos que
se seguiram, mantendo-a sob o seu governo até quase ao final do século
XVIII, sob a tormenta de constantes conflitos com argelinos e turcos.
Já tivemos a oportunidade de abordar episódios concretos da tomada de
Orão no final do primeiro terço de setecentos. Porém, nestes dois folhetos
em particular, Mascarenhas desenvolve aquilo que frequentemente
utilizou como um recurso moderado, limitado certamente pelo espaço
disponível nos folhetos de quatro a oito páginas, e tece considerações
em que lhe é possível expor um entendimento dos acontecimentos,
prolongado no tempo, lendo na sucessão cronológica dos eventos, mais do
que uma sucessão casual de eventos.
Como aliás refere na dedicatória: “Escrevi esta relação dos progressos das
armas Hespanholas, na restauração de Oran para reduzir a hum só papel,
o que vai dividido por muitos.” Adianta também que a publicação dos
folhetos não permitia “polir as vozes, melhorar as frases, nem examinar
mais as particularidades deste sucesso”.
Acompanha as duas obras uma gravura da praça de Orão, com uma
legenda e uma planta da batalha do exército da expedição de Orão,
constituindo preciosos registos visuais para um acompanhamento
orientado da narrativa.
Monterroio de Mascarenhas, oriundo de uma família nobre, demonstrou
grande facilidade nos estudos da gramática, filosofia e matemática.
Decidiu viajar pela Europa, atravessando Espanha, França, Bélgica,
Holanda, Alemanha, Hungria, Itália e Inglaterra, tornando-se perito nos
idiomas destes países e conhecedor do contexto histórico e da realidade
desses Estados. Foi membro de quase todas as academias e associações
literário-filosóficas do seu tempo e, depois de servir como capitão na
guerra da Sucessão de Espanha, dedicou-se novamente aos livros, o
que o conduziu à Gazeta. Possuía todas as características para ser um
bom jornalista: para além da cultura científica, filosófica e literária e do
contacto que manteve com os melhores centros culturais da Europa, era
sem dúvida um óptimo historiador, sobretudo em questões diplomáticas
e militares, sendo notório que o seu método histórico influenciou a
estrutura da Gazeta (Alves Fontes, 2013). Complementando o jornalista e
o historiador que nele coexistiam, traduziu nos folhetos, a aliança entre a
experiência e o conhecimento. (cf. Vieira, 2001).


Exemplares: Biblioteca Nacional de Portugal;
Biblioteca Nacional do Brasil; The British Library; University of Cambridge; Thomas Fisher Rare
Book Library.


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