VILA REAL, Manuel Fernandes de (1608-1652)

COLOR VERDE -VILA REAL

COLOR VERDE A LA DIVINA CELIA POR EL CAPITAN MANVEL FERNANDEZ VILLAREAL.
Madrid: Por la Viuda de Alonso Martin, 1637
155 mm.
[3], 32f.; Encadernação em pergaminho. Manchas ocasionais. Vinheta em fim de texto, tarja
ornamental e iniciais xilogravadas.
Rubricas de posse antigas.

€ 3000.00


Trata-se de um discurso em resposta a um outro escrito pelo Doutor Fernando Álvares
Brandão, com o título “Color azul”. Parecer favorável de Manuel Faria e Sousa, datado de
Madrid 1637: “En el no ay Cosa, que offenda a nuestra Religion, y buenos Costumbres.”
A Biblioteca Nacional de Portugal tem no seu acervo o manuscrito original desta obra,
encadernado em pergaminho, com inscrição de posse do padre Manoel Luiz.
Manuel Fernandes Vila Real (1608-1652) foi um comerciante e diplomata português, nascido
em Lisboa em 1608, no seio de uma família dedicada ao comércio. Ainda jovem, entrou para o
exército e viajou para Tânger, onde permaneceu durante dois anos e meio sob o comando de
D. Jorge Mascarenhas, tendo voltado a Portugal, onde se dedicou às actividades comerciais.
Enquanto abastado e culto comerciante residente em França, Vila Real era “partidário da
causa de D. João IV, nela investiu, movendo influências, a pena e o dinheiro, acreditando numa
monarquia fundadora de uma ordem política, social, moral e religiosa inteiramente nova que
pudesse aproximar Portugal da Europa. Por esse ideal morreu.” (Soares de Abreu, 2008) Em
1639, estava em Havre para armar um navio que se destinava ao comércio com as colónias da
América e conheceu o governador de Havre, recomendando-o ao cardeal Richelieu, que o
recebeu.
A partir de 1640, Vila Real foi um importante militante para o reconhecimento de D. João IV.
Em 1642, publicou Epitome Genealógica del Eminentissimo Cardenal Duque de Richelieu y
discursos sobre Algunas Acciones de su Vida, a pedido de Richelieu, e mais tarde, a pedido
do embaixador de Portugal em Paris, a refutação a uma obra espanhola que argumentava a
ilegitimidade da independência portuguesa, Anti-Caramuel ò defesa del manifesto del Reyno de
Portugal (1643), “dando a cara, em obra escrita, pela causa do novo rei”. (op. cit.) Foi relaxado à
justiça secular e condenado à morte por garrote e fogueira, tendo sido executado num auto-defé a 1 de Dezembro de 1652, aniversário da Restauração, com a Família Real a assistir, que tanto
lhe ficara a dever no processo da Restauração.
“A guerra da Restauração não tinha terminado e a justiça do Tribunal do Santo Ofício, ao
serviço de Espanha, continuaria a contribuir com os meios de que dispunha para aniquilar
os capitalistas cristãos-novos que apoiavam, com seus haveres, a legitimidade de D. João IV,
tal como havia acontecido com o banqueiro Duarte Silva, Rodrigo Aires Brandão e Jorge Dias
Brandão, em Portugal e o comerciante António Henriques Gomes, em Espanha, todos homens
que gozavam de prestígio em todos os grandes portos da Europa. Como Vila Real deixou
escrito na sua desesperada “Declaração”, “sou e fui o primeiro homem a que sua magestade
deu o officio fóra da patria, a quem servi com alguma utilidade, e que fui o primeiro consul que
Portugal teve e alcançou estimação para vir pedir n’ella quanto esperava honras e prémios” (op.
cit.)

ÚNICO EXEMPLAR CONHECIDO : Biblioteca Nacional de España.

€ 3000.00